quarta-feira, outubro 26, 2005

Amamentação

Olá,

Hoje apeteceu-me escrever sobre um assunto que tem vindo a ser muito comentado, debatido na Blogoesfera.
Não é que interesse para muito, mas interessa-me muito a mim, o que vou aqui escrever.

Tenho a certeza que o sonho de qualquer mãe que deseje amamentar é fazê-lo, até o bébé o desejar, ou, pelo menos até ser bom para ambos.Esse era o meu desejo e sempre pensei que assim fosse, aliás nunca me passou pela cabeça que não o viesse a ser, era o que eu na altura considerava normal.

Sei de casos de que as mulheres já antes de saberem se o conseguem fazer ou não, não tem como objectivo a amamentação, porque parte o peito, porque é chato estar de x em x horas a amamentar, porque não descansam nada pois temos de ser nós a fazê-lo, não podemos dizer ao papá:"dá tu agora enquanto descanso", porque os mamilos gretam e são umas dores quase insuportáveis, enfim arranjam "n" justificações( não condeno, cada qual sabe de si). Também este não foi o meu caso.

Posso-vos confessar que a minha forte necessidade de amamentar não se deve ao facto, de o leite materno ser muito mais saúdavel para o bébé( sei que o é, facto), mas sim de eu ler em todo o lado e ter a ideia pré concebida que estreitava a ligação mãe/filho.

Quando o Birrinhas nasceu e por razões que já expliquei no post Amor à Primeira Vista, ficou no berçario 48h, quando me o colocaram ao lado, este já estava habituado ao suplemento, eu dava-lhe peito, mas o comilão continuava a pedir suplemento, tivesse mamado 20 m, ou 1 h em cada peito, queria sempre suplemento. Comecei a sentir-me cada vez mais ansiosa, nervosa e rejeitada.
Comecei a frequentar uma psicóloga, aquilo estava dar cabo de mim, que me disse que eu não era uma obrigação amamentar, pois valia mais dar-lhe só o biberon , se o acto da amamentação estava ser um martirio e não uma coisa boa.A pediatra disse o mesmo, não era forçosamente necessário continuar a fazê-lo se não estava ser uma amamentação de qualidade, havia muitas muitas mães que por algum motivo não faziam e os bébés criavam-se. Claro que na minha cabeça isso não entrava, não era o normal.

Passava o tempo a ligar para amigos e familiares que não tivessem amanmentado muito tempo( queria saber qual era a ligação que estes tinham com os respectivos filhos) e a ligar para a linha S.O.S. Amamentação. Como práticamente não comia, tal era o meu estado de nervos, o leite era fraco e definitivamente não produzia a quantidade suficiente para satisfazer o meu menino.
Parei. Para bem de ambos.Mas o arrombo psicológico já cá estava e eu passava o tempo a pensar que não havia ligação entre mim e o bébé, porque eu não o alimentara o tempo suficiente com leite materno. Sofri um grande desgaste emocional, que provocou algumas consequências psicológicas que de vez ainda se manifestam como quando leio testemunhos como este e este e me fazem recordar como tudo deveria ter sido, se tivesse corrido como eu queria e e me dão vontade de recomeçar com a certeza de que seria bem diferente, independentemente de eu poder ou não amamentar.

Adenda: Como devem calcular o Birrinhas sobreviveu bem sem o leite materno e é um bébé muito feliz.Felizmente ainda não não deu conta que tem uma mãe tarada.

P.S. Fiz uma fogueira com todas as milhares de revistas que adquiri sobre Bébés( conselho de pessoas especializadas)
Finalmente aprendi a linkar, um obrigada a quem me ensinou.

Beijinhos
Vera

8 Comments:

At 1:39 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Olá
Acho que fizeste muito bem em mostrar outro lado. Cresecemos com essa ideia de que se tem um bebé e se amamenta incondicionalmente. Nem sempre é assim, não é? E muitas vezes não é mesmo opção, infelizmente. Também não tinha essa noção até há poucos anos. O que tenho observado é que se encara (e não falo dos blogs, mas em todo o lado) como se fosse uma escolha da mãe: ou dá ou se não dá é porque não quer ou não esteve para isso. E essa não é decicida e infelizmente a realidade de muita gente.
Não vejo este post como uma resposta aos outros mas como um desabafo que talvez seja útil a outros desabafos como o teu : )

PS - Está visto que no caso do Birrinhas nada lhe chegaria! O pequeno gigante comilão...

Beijinhos
Marta

 
At 4:16 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Olá
Devo dizer-te que gostei especialmente deste teu post. Concordo com o que a Marta escreveu :). Acho que fizeste muito bem em falar sobre o outro lado. Porque faço parte desse lado, do lado daquelas que sempre pensaram que iam amamentar e que não puderam fazê-lo. Não vou falar sobre isso, porque tu já o fizeste e muito bem. Identifico-me em cada palavra e recordo aquilo que passei. Achei muito importante que o tivesses feito. Acredita, que este post para mim foi muito útil.
Um grande beijinho

 
At 6:04 da tarde, Blogger Clara said...

Prova provada que nada é como a gente quer, deseja, pensa, organiza.
O que interessa é que o Birrinhas é 1 bebecas feliz e saudável.
Se precisares de ajuda, diz. Com 1 bocadinho de tempo, aprendes ;)
Beijos

 
At 10:58 da manhã, Blogger Jolie said...

Os meus posts sobre amamentação, destinam-se a dar essa força para não desistir quando ouvimos conselhos a torto e a direito para fazer o contrário!

Acho que a amamentação deve ser um prazer para mãe e filho, e infelizmente há muitas mães que não o conseguem fazer mesmo querendo.

Umas por falta de apoio e informação correcta, outras porque simplesmente o organismo não colabora!

É muito importante que se fale destas experiências. Acho que são extremamente úteis para todas as mamãs recentes ou futuras!

Beijinhos

 
At 12:18 da tarde, Blogger ddm said...

Não és uma mamã tarada! E não és menos mamã por não teres amamentado, porque de certeza que lhe destes e dás todo o teu amor e isso é o mais importante!
Eu amamentei porque o meu organismo colaborou, porque a Carolina mamou, porque tudo correu bem! Mas podia ser diferente e apesar de ter adorado dar de mamar, tenho a certeza que a minha relação com a Carolina cresceu e cresce todos os dias independentemente da amamentação!

Muitos Beijinhos!

 
At 1:04 da tarde, Blogger XanaA. said...

Gostei de ler o teu testemunho e percebo as tuas angústias...

Devido a problemas depois do nascimento, a M. não começou logo a mamar. Primeiro esteve a soro e depois com biberão. Depois comecei a amamentá-la, mas frequentemente era necessário dar-lhe suplemento (mas penso que isso era porque ela comia mesmo muito - ainda hoje tem muito apetite:)). Qualquer das formas, não pude começar a amamentação como desejava, ou seja, não foi logo aquando do nascimento, e penso que isso condicionou a minha produção de leite (isso e outros factores). Contudo, a M. sempre se desenvolveu muito bem, muito bem mesmo.

Infelizmente nem tudo corre como desejamos e é natural que fique uma pontinha de insatisfação... afinal, queremos o melhor para eles... Mas o importante é que sejam fortes e felizes!

Bjs grandes

 
At 11:22 da tarde, Blogger Mamã said...

Este teu post só prova que és uma excelente mãe. Tentaste tudo por tudo para dares "um pouco de ti" ao teu bebé. No entanto, deixa que te diga que mais importante que o nosso leite é o nosso amor. De que adianta amamentá-los e depois não lhes dar o mais importante: o carinho e o amor?

Jinhos

 
At 4:23 da tarde, Blogger S.A. said...

Ora aqui está o outro lado.... igual ao meu... era um stress desgraçado, pq eu queria mas aquilo não chegava... ou eu pensava q não chegava e isso influenciou a produção... pq o psicológico conta mto...

Adorei!

 

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